Revista ACP - Artigo de Opinião por Francisco Calheiros

Revista ACP - Artigo de Opinião por Francisco Calheiros

Juntos no Turismo

O país e o mundo vivem há mais de um ano sob a pressão de uma pandemia que já provocou danos irreversíveis, a nível social e económico. O Turismo, que tem um papel determinante para a economia nacional, apresentou em 2020 quebras de mais de 65% na maioria dos indicadores turísticos. É preciso recuar a 1993 para se encontrar um número de dormidas menor que os 26 milhões registados o ano passado. E as receitas turísticas irão situar-se nos 8 mil milhões de euros, o que representa um decréscimo de 57% face ao ano anterior e um impacto negativo de cerca de 10 mil milhões de euros no saldo das contas externas portuguesas. O ano de 2021 começou com muitas incertezas e as economias mundiais muito dependentes do processo de vacinação, que em alguns países decorre com demasiada lentidão. Ainda é arriscado fazer previsões sobre quando se dará a retoma da economia e da atividade turística. Mas é seguro afirmar que o Turismo voltará a ocupar o seu lugar de destaque na economia. Todos os agentes do sector estão a trabalhar para que isto aconteça.

É seguro afirmar que o Turismo voltará ao seu lugar de destaque

Na última crise que atravessámos, a actividade turística foi essencial para a recuperação e nesta será igualmente importante. Do lado do Governo, foram tomada algumas medidas importantes como as prorrogações do Apoio à Retoma Progressiva, o alargamento do lay off simplificado, o apoio simplificado às microempresas e o alargamento de programas como o Apoiar Rendas e Apoiar + Simples. Contudo, falta uma visão estratégica para o futuro da actividade e um Plano de Recuperação do Turismo Português a integrar no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em articulação com outros instrumentos europeus de apoio às empresas. É ainda preciso que sejam criadas condições para a deslocação dos cidadãos no território nacional e internacional. O Certificado Verde Digital será um importante passo, mas deverá ter características idênticas em todos os Estados-Membros da UE, respeitando o princípio da igualdade, com valores e critérios comuns para evitar discrepâncias na sua aplicação, monitorização e fiscalização.

É essencial que exista um padrão comum que seja claro, transparente e eficiente. A recuperação do Turismo, enquanto actividade que mais cria riqueza e emprego que permite o desenvolvimento económico das regiões, depende da conjugação de esforços de todos, sector público e privado. Só juntos, seremos mais fortes.

 

Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal

03 Mai 2021